Alterei o Onláine para evitar mal-entendidos...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Avatar - Pra que serve o cinema, mesmo?

Avatar - Pra que serve o cinema, mesmo?

Esse artigo só se justifica enquanto convite para que todos assistam ao filme que o estimulou.

Uma vez um amigo me disse que um bom filme tem que ter ação, romance e aventura. Fofo, não?
Pois bem: acabo de assistir ao filme Avatar.
Seria apenas mais um filme em que um herói (estadunidense, pra variar) salva o mundo dos vilões malvados que só pensam em dinheiro. Seria.
A inteligência com que o roteiro foi elaborado, as inúmeras alfinetadas nos exércitos invasores estadunidense e israelense, os diálogos impecáveis, repletos de ironia e poesia, enfim, eu poderia listar uma sequência enorme de motivos para enquadrá-lo na categoria de 'bom filme'. Ah, quase esqueci o romance!!! Ai ai.
Mas esses são apenas argumentos técnicos para intelectuais.
Um 'bom quadro' não chega de longe a ser considerado uma obra de arte! Mesmo se for impecável do ponto de vista técnico.
Daí a pergunta: Pra que serve o cinema, mesmo?
Jean Paul Sartre deve ter dito que "toda técnica pressupõe uma metafísica". A meu ver isso deve querer dizer algo como 'sempre que se inventa algo novo, devemos criar uma nova filosofia que explique e justifique'. E depois estalebecer uma ligação entre eles. Nossa! Forcei na didática? Vocês não viram nada.
Em Avatar, estamos diante de uma nova técnica. Finalmente existe um cinema em 3 dimensões. Existe uma metafísica? São Heidegger nos socorra! Tá, existe! Está lá em alto e bom tom: o virtual existe pra complementar ou contrapor o real? São Descartes que se manifeste. Penso, logo ressignifico minha existência. Só por Olorun!!!
Avatares são clones cuja humanidade está intocada. Poético, não?
O cinema nasceu do sonho de uns loucos por ver a imagem em ação. De possibilitar "a todos" a experiência de viver um sonho em estado de vigília. O cinema já nasceu surreal! Sobrevive, e ganhou muitas sobrevidas graças a isso. Além de gerar emprego e renda, é claro. E propagandear a cultura narcisista das polícias do mundo.
Como em qualquer indústria, a produção em série leva ao apuro técnico. Com a repetição vem a perfeição. Aí surge um dilema: a perfeição não é humana. É possível pensarmos em uma indústria da arte? Imaginemos Salvador Dali tendo que cumprir prazos e metas... Forcei na metáfora? Relax!
Se estamos falando de indústria, quem foi a anta que comparou com arte? É um produto industrial? Cumpre prazos e metas? Sim!
Bem, voltando a Avatar, estamos de fato lidando com um produto industrial. Capaz de cumprir todas as metas, e que provavelmente cumpriu prazos. Em termos técnicos, o apuro está muito acima do que estamos habituados. Desde a qualidade das imagens, reais e virtuais, do som, do roteiro, da interpretação, da ação até a concepção orgânica de um mundo novo, hostil e convidativo. Tudo perfeito.
Mas a poesia! Ah, aquele toque mágico do que nasceu inefável!!! Essa é a grande magia do cinema: um "bom" filme deve nos lembrar que somos humanos, que nascemos para viver em grupo e compartilhar. Um "bom" filme deve atingir a perfeição em comunicar o indizível.

Monahyr Yehan Ododô Campos

Um comentário:

  1. "Se estamos falando de indústria, quem foi a anta que comparou com arte? É um produto industrial? Cumpre prazos e metas?"

    Uma das "antas" chama-se Adorno, ele o Benjamin, e tem também o dedinho do tio Hagel, são culpados pela teorização da tal indústria cultural, é tudo culpa deles, eu juro rsss

    O tio Chaplin brincou com isso, mas ele não conta. Mestre, gênio, faz coisas bem feitas e deixa as teorias pros pensadores rss

    ResponderExcluir