Alterei o Onláine para evitar mal-entendidos...

sábado, 1 de maio de 2010

Tendências da educação.

Dia desses recebi um emeio com o título: Tendências da educação. Esse emeio falava de como a educação tem decaído nos últimos anos no Brasil.

Orgulhosamente o texto contava como uma caixa de supermercados tinha dificuldades para realizar uma operação de matemática simples e a cliente, do alto de sua sapiência, refletia sobre a situação e lamentava o fato de que, “antigamente” as crianças tinham aulas de educação moral e cívica, caligrafia etc.

Não bastasse o autor do emeio - anônimo, como todo emeio desprezível - tecer reflexões profundíssimas sobre um tema que não conhece, (apesar de se apoiar numa autoridade de professora de matemática) ainda tira reflexões preconceituosas sobre as políticas afirmativas para a área da educação.

Costumo dizer que sou especialista em terra de ninguém. Tenho uma fortíssima inclinação por asssuntos que todos conhecem "a fundo". Exemplo? Trabalho com música há 20 anos e aguento pessoas que não sabem a diferença entre ritmo e estilo musical dizendo que Chico Buarque canta desafinado. Mesmo depois de 50 anos da canção genial de Newton Mendonça.

Lecionando português me deparo com alunos dizendo que não sabem nada de português - EM PORTUGUÊS! Isso porque alguém ganha bastante dinheiro convencendo as pessoas que "o português é o idioma mais difícil!"

E na área de educação, então? As pessoas leem textos de autoajuda compostos por Fernando Pessoa e acreditam. E repassam para colegas professores "para que estes reflitam sobre a péssima situação da educação em nosso país". Mas o que isso tem a ver com o problema da caixa do supermercado? Talvez pouco, se levarmos em conta que realmente a educação no Brasil tem mudado. Em muitos pontos, tem piorado. Em outros, melhorado, e muito.

A diferença é que, o que para alguns é piora, para outros é sinal de evolução!

Hoje, os educadores não são mais senhores da verdade. Debate-se temas polêmicos. Ensina-se, ou acredita-se que os educadores sérios se propõem a ensinar a refletir. É pressuposto que se respeite as diferentes opiniões. É quase óbvio que o educador sabe da importância de suas palavras, de sua influência sobre os jovens. E que, como tal, deve ponderar sobre o que diz.

É óbvio que não estou falando da deplorável situação da educação no estado de São Paulo, onde os professores estão destituídos de todas as principais garantias constitucionais de liberdade de opinião ou de sua autonomia em sala de aula.

Sabemos que existem muitos problemas na educação brasileira. Principalmente na pública. Mas mesmo que todo brasileiro tenha uma receita infalível pra curar gripe, ninguém em sã consciência discute com médicos ou ridiculariza seus conhecimentos.

Infelizmente, “qualquer um” tem uma receita infalível pra resolver os problemas da educação no Brasil: o retrocesso em relação aos avanços democráticos, a perpetuação do preconceito, a hierarquização das relações na infraestrutura das instituições de ensino etc.

Enquanto ouvirmos as soluções fáceis para os problemas quase insolúveis do Brasil, estaremos fazendo exatamente o que querem que façamos. Enquanto criticarmos as vítimas, alunos e professores, e dedicarmos toda nossa atenção aos sintomas, os problemas vão se perpetuando. Rimos da moça que não aprendeu a calcular, mas não sabemos ler os noticiários. Não lemos as entrelinhas. Não lemos criticamente as piadas infames e racistas. E não nos propomos a refletir sobre temas polêmicos. Acreditamos naqueles que pensam por nós. E mandam emeios anônimos e bem humorados pras pessoas.

Anedota Húngara - parte s/n

Eu, em uma delegacia, fazendo um boletim de ocorrência por ter sido assaltadado, olhava indignado para o policial que me tratava muito mal.
Ele, rindo, questionou minha indignação.
Respondi a ele afirmando que, assim como qualquer policial brasileiro, ele era treinado para lidar com bandidos. Ou seja, pessoas desumanizadas pelas circunstâncias.
Eu, enquanto professor e educador, era habilitado por formação e pela experiência de vida e pela ética a humanizar pessoas e circunstâncias.
Ele não entendeu.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Saída do Bloco Afro Ilú Obá De Min - Carnaval 2010

Saída do Bloco Afro Ilú Obá De Min - Carnaval 2010
Dia 12 de fev de 2010 - início do desfile 21h00
Ilú Obá Canta o Atlântico Negro
Participação especial da Congada de Santa Ifigênia
Concentração a partir das 19h
Participação DJ Evelyn , MC Paula Pretta e Theo Werneck
Viaduto Major Quedinho S/N – Bela Vista – SP
Após o cortejo, te esperamos na Festa da Saída no Teatro Coletivo
Rua da Consolação, 1623
Maiores Informações:
www.iluobademin.com.br
iluobademin@yahoo.com.br

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Avatar - Pra que serve o cinema, mesmo?

Avatar - Pra que serve o cinema, mesmo?

Esse artigo só se justifica enquanto convite para que todos assistam ao filme que o estimulou.

Uma vez um amigo me disse que um bom filme tem que ter ação, romance e aventura. Fofo, não?
Pois bem: acabo de assistir ao filme Avatar.
Seria apenas mais um filme em que um herói (estadunidense, pra variar) salva o mundo dos vilões malvados que só pensam em dinheiro. Seria.
A inteligência com que o roteiro foi elaborado, as inúmeras alfinetadas nos exércitos invasores estadunidense e israelense, os diálogos impecáveis, repletos de ironia e poesia, enfim, eu poderia listar uma sequência enorme de motivos para enquadrá-lo na categoria de 'bom filme'. Ah, quase esqueci o romance!!! Ai ai.
Mas esses são apenas argumentos técnicos para intelectuais.
Um 'bom quadro' não chega de longe a ser considerado uma obra de arte! Mesmo se for impecável do ponto de vista técnico.
Daí a pergunta: Pra que serve o cinema, mesmo?
Jean Paul Sartre deve ter dito que "toda técnica pressupõe uma metafísica". A meu ver isso deve querer dizer algo como 'sempre que se inventa algo novo, devemos criar uma nova filosofia que explique e justifique'. E depois estalebecer uma ligação entre eles. Nossa! Forcei na didática? Vocês não viram nada.
Em Avatar, estamos diante de uma nova técnica. Finalmente existe um cinema em 3 dimensões. Existe uma metafísica? São Heidegger nos socorra! Tá, existe! Está lá em alto e bom tom: o virtual existe pra complementar ou contrapor o real? São Descartes que se manifeste. Penso, logo ressignifico minha existência. Só por Olorun!!!
Avatares são clones cuja humanidade está intocada. Poético, não?
O cinema nasceu do sonho de uns loucos por ver a imagem em ação. De possibilitar "a todos" a experiência de viver um sonho em estado de vigília. O cinema já nasceu surreal! Sobrevive, e ganhou muitas sobrevidas graças a isso. Além de gerar emprego e renda, é claro. E propagandear a cultura narcisista das polícias do mundo.
Como em qualquer indústria, a produção em série leva ao apuro técnico. Com a repetição vem a perfeição. Aí surge um dilema: a perfeição não é humana. É possível pensarmos em uma indústria da arte? Imaginemos Salvador Dali tendo que cumprir prazos e metas... Forcei na metáfora? Relax!
Se estamos falando de indústria, quem foi a anta que comparou com arte? É um produto industrial? Cumpre prazos e metas? Sim!
Bem, voltando a Avatar, estamos de fato lidando com um produto industrial. Capaz de cumprir todas as metas, e que provavelmente cumpriu prazos. Em termos técnicos, o apuro está muito acima do que estamos habituados. Desde a qualidade das imagens, reais e virtuais, do som, do roteiro, da interpretação, da ação até a concepção orgânica de um mundo novo, hostil e convidativo. Tudo perfeito.
Mas a poesia! Ah, aquele toque mágico do que nasceu inefável!!! Essa é a grande magia do cinema: um "bom" filme deve nos lembrar que somos humanos, que nascemos para viver em grupo e compartilhar. Um "bom" filme deve atingir a perfeição em comunicar o indizível.

Monahyr Yehan Ododô Campos